Enunciado

Considere o modelo bidimensional para a expansão do universo um balão esférico (Figura 44.16 na Seção 44.6). A menor distância entre dois pontos da superfície, medida ao longo da superfície, é o comprimento de arco r , onde r = R θ . À medida que o balão se expande, seu raio R cresce, porém o ângulo θ entre dois pontos permanece constante. (a) Explique por que, em qualquer instante ( d R / d t ) / R apresenta o mesmo valor em todos os pontos da superfície do balão. (b) Mostre que v = d r / d t é diretamente proporcional a r em qualquer instante. (c) Usando sua resposta do item (b), qual é a expressão da constante de Hubble H 0 em termos de R e de d R / d t ? (d) A expressão de H 0 que você obteve no item (c) é constante no espaço. Como R deveria depender em relação ao tempo para que H 0 seja constante no tempo? (e) Sua resposta no item (d) é compatível com a atração gravitacional da matéria existente no universo?

Passo 1

(a) Nessa questão nós estamos usando o modelo bidimensional para a expansão do universo.

Nesse caso, vale a lei de Hubble:

d R d t = H R

Onde R é o raio do balão em determinado instante e H é a constante de Hubble.

Vamos ver como fica a expressão que o enunciado mencionou:

1 R d R d t = 1 R H R = H

Ou seja, essa expressão dá a constante de Hubble desse espaço. Por isso o valor é o mesmo a todos instante.

Passo 2

(b) Agora temos que calcular d r / d t . O enunciado já falou qual é a relação entre r e R :

r = R θ

Ou seja, a distância entre os pontos na superfície é comprimento de um arco de raio R e ângulo θ .

Então como fica v = d r / d t ?

v = d r d t = d d t R θ

Supondo que θ permaneça constante (a distância angular entre dois pontos não muda conforme o balão infla!) Então:

v = θ d d t R

E usando a expressão que mencionamos lá no item (a):

d R d t = H R

Ou seja:

v = θ H R

E como R θ = r :

v = H r

Ou seja, v = d r / d t é sempre diretamente proporcional a r !

Passo 3

(c) Agora a gente está procurando uma expressão para a constante de Hubble H 0 (estamos usando o símbolo H !) em termos de ( d R / d t ) e R .

Sem problemas! É só voltar na fórmula que nós usamos ali em cima:

d R d t = H R

E então:

H = 1 R   d R d t

Essa é a expressão para a constante de Hubble.

Passo 4

(d) Agora vamos ver o que acontece quando procuramos uma expressão para R t .

Pela relação ali de cima:

H = 1 R   d R d t

Mas isso é uma equação diferencial! Vamos separar as variáveis:

d R R = H   d t

Integrando os dois lados, com R indo de R 0 até R e t into de t = 0 até t :

∫ R 0 R d R R = ∫ 0 t H   d t

A integral do lado esquerdo vai dar ln ⁡ R , então:

ln ⁡ R - ln ⁡ R 0 = H t - 0

Lembrando que ln ⁡ a - ln ⁡ b = ln ⁡ ( a / b ) :

ln ⁡ R R 0 = H t

E agora aplicando a exponencial dos dois lados:

e ln ⁡ R R 0 = e H t

E finalmente:

R t = R 0 e H t

Beleza, chegamos a uma expressão que dá o raio R em função do tempo, com H constante.

Passo 5

(e) Agora vamos pensar um pouco nas conclusões desses últimos itens.

A gente viu que a constanta de Hubble seria constante nesse universo. Mas será que isso faz sentido nesse caso?

A constante de Hubble controla um parâmetro muito importante na expansão do universo. A densidade crítica:

ρ c = 3 H 0 2 8 π G

Quando a densidade média do universo for maior que a densidade crítica, o universo vai começar a frear a expansão e então contrair.

Porém, conforme o universo se expande, e a quantidade de matéria nele continua a mesma, a tendência é que a densidade média diminua.

Então, se H 0 for constante, eventualmente a densidade vai ser menor do que ρ C , e a expansão vai parar!

Isso quer dizer que uma constante de Hubble que não varia no tempo não é consistente com um universo com expansão uniforme.

Resposta

(a) A expressão apresenta sempre o mesmo valor porque é igual à constante de Hubble.

(b) Demonstração.

(c) H 0 = 1 R   d R d t  

(d) Não é consistente, se H é constante no tempo, a densidade crítica também é. Nesse caso não haveria expansão uniforme.

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