Enunciado

Seja

f x = x x ,     x ≠ 0 1 ,     x = 0

a) Mostre que f é contínua em 0 .

b) Pesquise graficamente se f é derivável em 0 por meio de sucessivos zooms em direção ao ponto 0,1 no gráfico de f .

c) Mostre que f não é derivável em 0 .

Passo 1

E aí! como vai?

Nesse problema foi dada a função

f x = x x ,     x ≠ 0 1 ,     x = 0

E nosso objetivo é mostrar que f x é contínua em x = 0 e que não é derivável nesse ponto. Além disso vamos usar uma ferramenta gráfica para observar a função no ponto 0,1 .

Tem ideia de como fazemos isso?

Perceba que a função f é definida por partes justamente em x = 0 , então para que a função seja contínua a parte x ≠ 0 tem que tender a 1 nos dois lados.

E para mostrar que f não é derivável em x = 0 , vamos tentar aplicar a definição

f ' a = lim x → a ⁡ f x - f a x - a

Bora lá!

Passo 2

Para que a função seja contínua em um ponto, o valor da função neste ponto deve coincidir com o valor do limite. Note que f 0 = 1 . Para tomarmos o limite quando x → 0 , devemos tomar x ≠ 0 , de modo que f x = x x . Assim,

lim x → 0 ⁡ f x = lim x → 0 ⁡ x x

Vamos simplificar a função do limite aplicando as propriedades logarítmicas e ln ⁡ a = a e ln ⁡ a b = b ln ⁡ a ...

lim x → 0 ⁡ e ln ⁡ x x = lim x → 0 ⁡ e x ln ⁡ | x | = e lim x → 0 ⁡ x ln ⁡ x

Desta forma, o limite que demos calcular é

lim x → 0 ⁡ x ln ⁡ x = lim x → 0 ⁡ ln ⁡ x 1 x

Este limite é indeterminado do tipo ∞ / ∞ . Assim, aplicando a regra de L’Hospital:

A regra de L’Hopital consiste em calcular a derivada do numerador e do denominador separadamente e substituir no limite...

Pelo teorema fundamental do calculo, temos

d ln ⁡ x d x = 1 x x '

Pela regra da potencia...

d 1 x d x = - 1 x 2

Substituindo no limite

lim x → 0 ⁡ ln ⁡ x 1 x = lim x → 0 ⁡ 1 x ⋅ x ' - 1 / x 2 = lim x → 0 ⁡ - x 2   x ' | x |

Fazemos separar em limites laterais, temos que x = x para x → 0 + :

lim x → 0 + ⁡ - x 2   x ' | x | = lim x → 0 + ⁡ - x 2 ⋅ 1 x = lim x → 0 + ⁡ - x = 0

Para x → 0 - temos que x = - x

lim x → 0 - ⁡ - x 2   x ' | x | = lim x → 0 - ⁡ - x 2 ⋅ ( - 1 ) - x = lim x → 0 + ⁡ - x = 0

Como os limites laterais são iguais,

lim x → 0 ⁡ - x 2   x ' | x | = 0

Desta forma,

lim x → 0 ⁡ f ( x ) = e 0 = 1 = f ( 0 )

Portanto f é contínua em x = 0 .

Tranquilo até aqui?

Passo 3

Fazendo sucessivos zooms no gráfico da função usando uma ferramenta grafica, ela aparenta ser derivável em x = 0 :

Concorda?

Passo 4

Vimos que a função aparenta ser derivável em x = 0 , porém agora vamos mostrar que ela não é!!!

Vamos tentar calcular f ' ( 0 ) pela definição:

f ' 0 = lim x → 0 ⁡ f x - f ( 0 ) x - 0 = lim x → 0 ⁡ x x - 1 x

Como lim x → 0 ⁡ x x = 1 , o limite é indeterminado do tipo 0/0.

Vamos aplicar a regra de L’Hospital. A derivada do numerador será

x x - 1 ' = x x '

Aplicando aquelas propriedades logarítmicas que usamos no passo anterior...

e x ln ⁡ x ' = e x ln ⁡ x ⋅ x ln ⁡ x ' = x x ⋅ x ln ⁡ x '

Por outro lado:

x ln ⁡ x ' = ln ⁡ | x | + x x ⋅ x '

Assim, a derivada do numerador é

x x - 1 ' = x x   ln ⁡ x + x x ⋅ x '

Desta forma, como o denominador é apenas x

d x d x = 1

Substituindo no limite

lim x → 0 ⁡ x x - 1 x = lim x → 0 ⁡ x x   ln ⁡ x + x x ⋅ x '

Quando x tende a 0 pela direita, x = x , ou seja

lim x → 0 + ⁡ x x   ln ⁡ x + x x ⋅ 1 = 1   ∞ + 1 ⋅ 1 = ∞

Agora quando x tende a 0 pela esquerda, x = - x ...

lim x → 0 + ⁡ - x x   ln ⁡ - x - x x ⋅ - 1 = - 1   ∞ + 1 ⋅ 1 = - ∞

Perceba que o limite divergiu, logo não existe!

Por isso, f não é derivável em x = 0 pois tem tangente vertical nesse ponto (por isso parecia que ela era derivável: ela é suave e admite reta tangente, mas a tangente é vertical).

E aí! entendeu tudo? Responde Aí!

Resposta

a) Demonstração.

b) Análise gráfica.

c) Demonstração.

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