Enunciado

A equação de Bessel de ordem um é

x 2 y ″ + x y ' + ( x 2 – 1 ) y = 0

(a) Mostre que   x   =   0 é um ponto singular regular.

(b) Mostre que as raízes da equação indicial são r 1 = 1 e r 2 = – 1 .

(c) Mostre que uma solução para x   >   0 .

J 1 x = x 2 ∑ n = 0 ∞ - 1 n x 2 n n + 1 ! n ! 2 2 n

(d) Mostre que a série converge para J 1 ( x ) para todo x . A função J 1 é conhecida como a função de Bessel de primeira espécie de ordem um.

(e) Mostre que é impossível determinar uma segunda solução da forma

x - 1 ∑ n = 0 ∞ b n x n ,   x > 0

Passo 1

(a) A partir da equação dada, temos P ( x ) = x 2 ,   Q ( x ) = x e R x = x 2 - 1 . Os pontos singulares ocorrem quando P ( x 0 ) = 0 , portanto, o ponto singular da equação dada é:

x 0 = 0

Para descobrir se x 0 = 0 é um ponto singular regular, verificamos se os seguintes limites são finitos:

lim x → x 0 ⁡ x - x 0 Q x P ( x ) = lim x → 0 ⁡ x x x 2 = 1

lim x → x 0 ⁡ x - x 0 2 R x P ( x ) = lim x → 0 ⁡ x 2 x 2 - 1 x 2 = - 1

Portanto, x 0 é um ponto singular regular.

Passo 2

(b) Agora assumimos que a solução y é dada na forma:

y = ∑ n = 0 ∞ a n x r + n

A primeira derivada:

y ' = ∑ n = 0 ∞ ( r + n ) a n x r + n

A segunda derivada é:

y ' ' = ∑ n = 0 ∞ ( r + n ) ( r + n - 1 ) a n x r + n - 2

Se a nossa EDO está na forma:

x 2 y ″ + x y ' + ( x 2 – 1 ) y = 0

x 2 ∑ n = 0 ∞ ( r + n ) ( r + n - 1 ) a n x r + n - 2 + x ∑ n = 0 ∞ ( r + n ) a n x r + n - 1 + ( x 2 - 1 ) ∑ n = 0 ∞ a n x r + n = 0  

Ao multiplicar os fatores pelos somatórios correspondentes, obtemos:

∑ n = 0 ∞ ( r + n ) ( r + n - 1 ) a n x r + n + ∑ n = 0 ∞ ( r + n ) a n x r + n + ∑ n = 0 ∞ a n x r + n + 2 - ∑ n = 0 ∞ a n x r + n = 0  

Agora ajustamos o índice dos dois primeiros somatórios para que x neles expoente r   +   n :

∑ n = 0 ∞ ( r + n ) ( r + n - 1 ) a n x r + n + ∑ n = 0 ∞ ( r + n ) a n x r + n + ∑ n = 2 ∞ a n - 2 x r + n - ∑ n = 0 ∞ a n x r + n = 0  

Passo 3

Avaliamos alguns termos para que todos os somatórios iniciem no índice n =   2 e obtenham:

r r - 1 a 0 x r + r + 1 r a 1 x r + 1 + ∑ n = 2 ∞ ( r + n ) ( r + n - 1 ) a n x r + n + r a 0 x r + r + 1 a 1 x r + 1 + ∑ n = 2 ∞ ( r + n ) a n x r + n + ∑ n = 2 ∞ a n - 2 x r + n - a 0 x r - a 1 x r + 1 - ∑ n = 2 ∞ a n x r + n = 0  

Combinando os termos, temos:

r r - 1 + r - 1 a 0 x r + r + 1 r + r + 1 - 1 a 1 x r + 1 + ∑ n = 2 ∞ r + n r + n - 1 + r + n - 1 a n + a n - 2 x r + n = 0

Ou seja, depois de simplificar:

r 2 - 1 a 0 x r + [ r + 1 2 - 1 ] a 1 x r + 1 + ∑ n = 2 ∞ r + n 2 - 1 ] a n + a n - 2 x r + n = 0

Igualando os coeficientes de ambos os lados, obtemos:

( r 2 - 1 ) a 0 = 0

[ r + n 2 - 1 ] a 1 = 0

[ r + n 2 - 1 ] a n + a n - 2 = 0

Desde que a 0 ≠ 0 , nós obtemos a equação:

r 2 - 1 = 0

Onde as duas raízes são nulas, ou seja:

r = ± 1

Se:

a 1 = 0

[ r + n 2 - 1 ] a n + a n + 2 = 0 ; i = 1,2 , …

Passo 4

(c ) A relação de recorrência para r 1 = 1   pode ser escrita como:

a n = - a n - 2 n + 1 2 - 1 = - a n - 2 n ( n + 2 )

Teremos:

a 0

a 1 = 0

a 2 = - a 0 2.4 = - a 0 1 ! 2 ! 2 2 ,   a 3 = 0

a 4 = - a 2 4.6 = a 0 2.2 2.3 1 ! 2 ! 2 2 = a 0 2 ! 3 ! 2 4 ; a 5 = 0

Portanto, escolhendo a 0 = 1 2 , a solução y   é igual a:

y = x r 1 ∑ n = 0 ∞ a n x 2 n = x 2 1 - 1 1 ! 2 ! 2 2 x 2 + x 4 2 ! 3 ! 2 4 - x 6 3 ! 4 ! 2 6 + … = x 2 ∑ n = 0 ∞ - 1 n x 2 n n ! n + 1 ! 2 2 n = J 1 ( x )

Passo 5

(d) Vamos usar o teste de proporção para verificar se a série para J 1 ( x ) converge para todos os x :

lim n → ∞ ⁡ a n + 1 a n = lim n → ∞ ⁡ - 1 n + 1 2 2 n + 2 n + 1 ! n + 2 ! - 1 n 2 2 n n ! n + 1 ! = lim n → ∞ ⁡ ( - 1 ) 4 ( n + 1 ) ( n + 2 ) = 0 < 1

Portanto, a série converge para todos os x .

Passo 6

(e) A relação de recorrência para r 2 = - 1 é:

b n = - b n - 2 n - 1 2 - 1 ,   n ≥ 2

Vemos que não é possível determinar b 2 , portanto, não é possível determinar uma segunda solução na forma desejada.

Resposta

(a) x 0 é um ponto regular.

(b) [ r + n 2 - 1 ] a n + a n + 2 = 0

(c) y = J 1 ( x )

(d) A série converge para todo x .

(e) Não é possível determinar b 2 .

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